Historicamente, o marketing desenvolveu-se em um contexto específico, acompanhando a evolução do mercado e criando novas perspectivas comerciais que o diferenciassem de outras práticas organizacionais.
A evolução do marketing aconteceu devido a uma série de mudanças ambientais, tais como: a Revolução Industrial, as inovações tecnológicas, o aumento populacional e de seu poder aquisitivo, a produção em massa, a divisão do trabalho, a especialização da mão-de-obra e os novos meios de comunicação.
Toda mudança no ambiente macroeconômico da sociedade causada, principalmente, pelo desenvolvimento da tecnologia e da globalização, influencia diretamente o comportamento do consumidor. Como resposta, o mercado deve se adaptar para atender diferentes demandas. Dentre as atualizações necessárias está a criação de novos produtos e mudanças nas estratégias de marketing. Ao longo dos últimos 100 anos, aproximadamente, este setor passou por três fases ou eras até chegar a um novo paradigma: a economia digital e seus desdobramentos na sociedade.
Era dos produtos ou Marketing 1.0
Entre 1850 e 1950 houve um intenso enfoque na produção e nas vendas. Havia uma crença de que um bom produto não necessitava de nenhum recurso promocional. Assim, as indústrias começaram a desenvolver métodos que tornassem a produtividade mais eficaz, o que originou os métodos de produção em massa. Consequentemente, a oferta excedeu a demanda. Com a necessidade de vender os produtos excedentes, aumentar a produtividade e movimentar o estoque da empresa, as vendas tornaram-se atividade fundamental, porém sem considerar as reais necessidades dos clientes. O objetivo era padronizar os produtos e vendê-los em escala, para reduzir os custos de produção, baratear o preço do produto final e garantir um número elevado de compradores.
Por causa do acirramento da concorrência após os anos 1950, as empresas começaram a perceber que existiam outras maneiras de influenciar o cliente na decisão de compra, como motivadores psicológicos, não relacionados à lei da oferta e da procura. Foi definido que o melhor método seria focar nos consumidores com estratégias mais adequadas, dando origem à próxima era do marketing.
Era da informação ou Marketing 2.0
O Marketing 2.0 surge na Era da Informação ou Era Digital – no início dos anos 1990 – e tem como ponto central a tecnologia da informação. Naquele período, novos desafios foram impostos devido à facilidade de acesso à informação; os consumidores poderiam consultar diversas ofertas referentes a produtos semelhantes, comparando aquelas que melhor lhes atendessem. Portanto, o valor do produto neste cenário era definido pelo cliente. Por esse motivo, o profissional do marketing começou a trabalhar com a segmentação do mercado consumidor, desenvolvendo produtos para públicos específicos e colhendo dados para entender o comportamento do consumidor. Esta visão implica em abordar o consumidor como centro do processo, porém com papel passivo na elaboração estratégica de campanhas.
Era dos valores ou Marketing 3.0
Em uma sociedade cada vez mais caótica e tecnológica, as pessoas estão em busca de soluções para satisfazer desejos pessoais e melhorar o mundo em que vivem. Os consumidores optam por empresas que abordem necessidades sociais de forma profunda, principalmente nas esferas da justiça, da economia e do meio ambiente e tenham missão, visão e valores bem definidos. As pessoas estão cada vez mais informados e tem acesso aos dados e às mídias sociais em que a empresa está inserida. Isto permite que mediante deslizes sociais, a empresa poderá ser descoberta e ter seus dados divulgados, o que degrine a imagem da marca.
Dessa forma, o Marketing 3.0 é caracterizado por práticas de marketing influenciadas pelo comportamento e atitudes do consumidor. A tecnologia facilitou a disseminação da informação, ideias e opiniões públicas, permitindo que as pessoas colaborassem na criação de valor de uma marca e avaliação de produtos e serviços. Assim, ocorre o processo de transição das empresas no cenário da economia digital, onde o marketing tradicional e o digital devem coexistir para conquistar os consumidores e engajá-los com as marcas.
Valor de marca e Marketing 4.0
Atualmente, a inovação é horizontal: o mercado fornece as ideias e as empresas as tornam comercializáveis; o cenário de negócios está cada vez mais inclusivo e social. As mídias sociais eliminaram as barreiras geográficas e demográficas ao permitir que pessoas de todas as partes do mundo se conectassem em redes horizontais de comunidades. Neste panorama, os clientes absorvem facilmente as opiniões sociais, influenciadoras diretas nas tomadas de decisões em diversos aspectos, principalmente, nas escolhas de compra. Estas comunidades representam a nova forma de segmentação do marketing, formada por consumidores que estabelecem as próprias fronteiras e não permitem a “invasão” de propagandas indesejadas e irrelevantes; valorizam mais os conselhos e avaliações de seu círculo social online e offline.
A partir da década de 1980, as empresas começaram a investir em novos atributos para seus produtos. É nesse contexto que surgiu o conceito de valor de marca, que trabalha sua concepção, personalidade, conceito, atuação e desempenho, agregando valor e consolidando a presença no mercado. Do ponto de vista da comunicação de marketing, os consumidores não desempenham mais um papel passivo, como ocorrera no Marketing 2.0, onde as empresas detinham o controle sobre a comunicação e lidavam com as reclamações de maneira individual. O conteúdo agora é gerado para uma comunidade, o que muda por completo a perspectiva do diálogo, disseminação da informação e da reação social perante os erros e acertos das marcas.
Este processo começa quando as marcas atendem satisfatoriamente os desejos e ansiedades de seus consumidores, o que requer empatia e uma pesquisa imersiva no aspecto da antropologia digital. Ao constatar o lado humano dos consumidores, as marcas são capazes de revelar seu próprio aspecto humano e criar conexões de pessoa a pessoa.
Pensando nisso...
No contexto da economia digital, é fundamental que as marcas se tornem adaptáveis às mudanças tecnológicas e ao mercado. O consumidor atual não busca apenas produtos, mas marcas humanizadas, capazes de dialogar e interagir. Por isso, os profissionais do marketing digital precisam encontrar estratégias de engajamento por intermédio das mídias sociais, de acordo com as características de seu público-alvo.
Diante de uma realidade de conexões virtuais, onde a informação está ao alcance de todos, é crucial que o marketing digital trabalhe as marcas pelo aspecto da transparência e da autenticidade. A imagem da empresa representada pela marca tem que ser verdadeira, pois está em constante observação nas mídias sociais. Logo, deve transmitir confiança e proporcionar experiências condizentes com sua missão, visão e valores. Caso contrário, perderá credibilidade, o que no mundo horizontal das comunidades formadas por consumidores, significa perder uma rede de potenciais compradores.
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